sábado, 15 de agosto de 2009

A Lenda da Figueira da Foz

A praia da Claridade


ERA UMA VEZ uma princesa chamada Nahida que vivia num bonito castelo no sopé de uma pequena serra.
Do castelo via-se o mar e a serra e, a sul e nascente, sabia-se de um rio e uma larga planície verdejante.
Era o castelo onde, para além do rei, pai de Nahida, vivia também toda a corte e algum povo.
A rainha, a quem o rei amara perdidamente, morrera durante o parto de sua única filha.
Conta-se que depois desse triste evento o monarca ensandecera, tendo imposto uma lei para que fossem expulsas do castelo todas as famílias que tivessem filhos barões com menos de 20 anos; o mesmo sucedendo a quem os viesse a ter, até vinte anos depois do nascimento de Nahida.
Com esta medida o rei pretendia evitar que a sua filha morresse de parto como morreu a mãe, sua idolatrada esposa.
Queria por isso que sua filha, para quem transferiu todos os seus afectos, vivesse muitos anos e morresse casta.
A princesinha não poderia, pois, conhecer nem brincar com outra criança do sexo oposto.
A sua melhor companheira, da mesma idade, chamava-se Zahra e era a filha mais nova de um fidalgo por quem, excepcionalmente, o rei ensandecido nutria simpatia e confiança.
Entre as duas crianças floresceu uma ternura desmedida.
Os anos iam correndo com normalidade até que, um dia, a princesa foi acordada pela sua ama que, muito aflita, lhe contou que seu pai mandara expulsar do castelo toda a família de Zahra. Durante dois anos a princesa todos os dias chorava de tristeza pela perda da sua amiga e a crueldade do pai.
Certo dia, pela noitinha, a princesa resolveu fugir do castelo para procurar a sua amiga iludindo a vigilância dos guardas e caminhou em direcção ao rio. Fazia luar.
Já afastada do castelo, surpreendida, viu para os lados da foz do rio a silhueta de uma árvore frondosa cuja existência desconhecia.
Depois, ali perto, escondida entre altos juncos e alguns salgueiros, pareceu-lhe ver uma cabana. Receosa mas determinada, avançou até ela.
Junto a um pequeno barco que jazia, de lado, junto à entrada do abrigo, ouviu a respiração compassada mas estranha, de quem parecia dormir.
Temerária, a Princesinha a avançou e, sem ruído, foi entrando.
Deparou-se primeiro com alguns remos, redes e bóias encostados e suspensos aos ramos de um dos salgueiros que serviam de suporte àquele abrigo.
A um canto ficava um catre vazio, coberto por tecido lavado e de renda fina. Ao lado desse leito, tranquilamente, dormia um cão robusto de pêlo cuidado…
Intrigada e ao mesmo tempo receosa resolveu retirar-se com medo da reacção do animal, caso a descobrisse.
Esta descoberta levou-a a abandonar, temporariamente, o desejo de abalar do castelo, como castigo a seu pai. A curiosidade em saber quem ali vivia falou mais forte.
No dia seguinte, a velha ama contou à princesa que nas cercanias do castelo, rondou vezes sem conta, um bonito e manso cão que parecia trazer amarrado à coleira um pequeno objecto.
Na noite desse dia a princesinha voltou de novo ao abrigo dos salgueiros.
Já lá dentro, e com cautela, viu e retirou do pescoço do animal, que dormia, um pequeno invólucro de cartão que continha dentro um manuscrito.
Surpreendida, desenrolou-o e leu-o com os olhos rasos de lágrimas.
Era uma mensagem da sua companhia de infância, que tinha sido expulsa por seu pai.
Propunha-lhe nesse escrito que, se a quisesse ver, fosse junto à figueira, perto da foz. E que era debaixo dessa árvore que dormia quase todas as noites de verão, por ali se sentir mais segura e fresca.
Nahida acabara de ler o manuscrito que lhe era destinado.
Olhou em direcção à figueira e começou a correr como uma louca.
Ali chegada, depois de se abraçarem e fazerem amor, juraram os dois não mais se separar.
Conta a lenda que a Samuel, ao nascer, lhe fora dado o nome de Zahra e passou a vestir-se de menina. Ardilosamente, os pais de Samuel (Zahra) tentaram evitar, daquela maneira, serem desterrados para longe do castelo.
Só que, certa noite de verão, o rei surpreendeu, nuas, a sua filha e Samuel beijando-se apaixonadamente.

…«o»…

Conta-se que Nahida e Samuel se voltaram a encontrar junto da árvore frondosa que ficava perto da foz do rio.
Pouco tempo depois do primeiro encontro, providencialmente, o rei morreu.
Meses depois, ambos resolveram mandar erigir junto à velha figueira um palácio de verão para assinalar para sempre o seu reencontro. À volta desse palácio à beira rio foi surgindo, ao longo dos tempos, uma bonita povoação de onde se avistava a norte, no coração de Buarcos, o castelo do reino, do qual ainda hoje restam vestígios.
A essa nova povoação, virada a sul do castelo, o povo passou a chamar de Figueira da Foz em homenagem áquele atribulado e persistente amor.


Não sei quem é o autor desta lenda.. encontrei algures na web

1 comentário:

Anónimo disse...

Acho que deverias dizer de onde tiraste essa história.É bonito dar valor a quem o merece.

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