domingo, 11 de agosto de 2013

1971 Abrantes-Figueira da Foz

 


Joaquim Agostinho é o maior. É um líder incontestável no ciclismo nacional, como Eusébio no futebol. Uma série de façanhas colocam-no acima de qualquer outro português, com a devida permissão dos outros grandes: Alves Barbosa e Marco Chagas. Uma das suas maiores proezas aconteceu na Volta a Portugal-1971, na etapa que ligava Abrantes à Figueira da Foz. Antes da etapa, todo o pelotão concorda em descansar, porque o percurso era difícil, servido por estradas e caminhos de baixíssima qualidade. A meio da corrida, Agostinho, camisola amarela com 13 segundos de avanço sobre o benfiquista Fernando Mendes, sente uma vontade incontrolável de urinar - ele é dos poucos que não consegue fazer chichi em cima do selim. Tem de descer da bicicleta. Assim o faz. Quando volta ao pelotão, que continua em ritmo lento, Agostinho detecta a ausência de Fernando Mendes, que, entre curvas e contracurvas, lá furou o embargo. É aí que começa uma etapa memorável, com o sportinguista a pedalar furiosamente. Só abranda quando apanha Fernando Mendes. Zangado, dispara: "Agora acompanha-me, se és capaz..." Não foi. Em corrida desenfreada, Agostinho ganhou avanço e mais avanço e nem os pedidos desesperados de outro Agostinho (o Artur, dono da Sonarte, que então organizava a Volta) para que abrandasse o demoveram. Agostinho cortou a meta na Figueira da Foz com 12 minutos de avanço e aquela Volta acabou-se ali mesmo. "É uma lição para todos. Quem me tenta fazer o ninho atrás da orelha trama-se", justificou Agostinho, que vestiu de amarelo de fio a pavio nessa Volta. E foram 25 etapas, oito delas ganhas por ele, que deu 9,54 minutos de avanço sobre o segundo classificado, o francês Antoine Santy, da Bic.

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