sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Bandeira durante a Crise de 1383-1385

Em 1383, com a morte de D. Fernando, é aclamada rainha de Portugal em algumas localidades a sua única filha, D. Beatriz, então casada com o monarca de Castela, João I. Este desde logo mandou adicionar as armas de Portugal às suas, colocando-as por baixo do brasão de Castela (como se vê na imagem da esquerda), tal como se depreende na Crónica de D. João I, de Fernão Lopes: Vinha o arcebispo de Toledo com capa bem rica, e mitra na cabeça, e todos os conegos, e clerezia da cidade rezando, e traziam a bandeira das armas de Castella, e os signaes de Portugal, e concertos em baixo (capítulo LV).
Sucedeu, porém, que ao sair da Sé de Toledo, onde foi aclamado às vozes de Real, real, por el-Rei D. João de Castela e de Portugal pelos dignitários castelhanos e os membros do séquito de D. Beatriz aí presentes, quando a bandeira era transportada pelo alferes-mor João Furtado de Mendonça, que seguia a cavalo, descoseu o vento os signaes de Portugal, que iam debaixo, e ficaram pendurados, e o cavallo em que ia o alferes foi topar em um canto da Sé, e quebrou lhe uma espádua, e cahiu com elle. Alguns que esto viram, tiveram-n’o a mau signal, dizendo entre si, que nunca el-Rei de Castella havia de ser Rei de Portugal, e disseram a el-Rei de Castella que não era bem de os signaes de Portugal andarem assim em fundo. E elle logo mandou poer os signaes ambos em escudo eguaes. (Fernão Lopes, Crónica de D. João I, capítulo LVI). A bandeira armorial de Portugal e Castela tomou então o aspecto com que surge representada à direita (idêntica às armas constantes nos selos que sobreviveram dos documentos assinados por D. Beatriz como rainha de Portugal).
Esta bandeira não é tradicionalmente considerada como uma das bandeiras históricas do país. Porém, se se considerar que D. Beatriz reinou de jure em Portugal, é legítimo que figure na galeria das bandeiras nacionais. Mais, apesar de jamais ter sido hasteada em Lisboa, enquanto capital do reino, sempre fiel ao Mestre de Avis, certo é que esvoaçou nas alcáçovas dos vários castelos que reconheceram o governo de D. Beatriz, designadamente o de Santarém, onde D. Beatriz e o seu marido se instalaram na tentativa do reconhecimento, de facto, da sua realeza.





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