sábado, 25 de dezembro de 2010

Noite de Natal

 É meia-noite e não consigo dormir.
Depois das voltas e voltas que já dei na cama, decidi levantar-me.
Sinto-me estranha, como se fosse um boneco animado nas suas histórias irreais e imaginárias.
Começo a descer as escadas devagar, a tentar ver a distância de um degrau para o outro para não cair, e não sinto os degraus nos pés.
Só me vem à memória o único presente que desejei em toda a minha vida ter. Um urso enorme, que quando ia a passear na rua via sempre numa montra de uma loja, quando era mais nova. Dês desse dia, aquele ursinho castanho claro de pêlo verdadeiro, com um laço azul-escuro ao pescoço, um fato azul vivo no corpo e com um chapéu e sapatos pretos, não me saí da cabeça. Pedi-o vezes sem conta, mas nunca o consegui ter.
Abri a janela e vi a neve a cair nas minhas mãos, talvez fria como dizem os livros, eu não a sinto.
Não sei que dia é hoje, que horas são, nem quanto tempo passou depois da última vez que saí à rua. Estou sozinha, talvez à anos. Ver a chuva a cair, o sol a brilhar, é a minha rotina.
No meio de tanto sentimento estranho, sentei-me no cadeirão vermelho da sala onde se costuma sentar sempre um homem de barba grande, gordinho, sempre vestido de vermelho, em tempos  passados. Costumávamos estar os dois à beira da lareira, ele no seu cadeirão e eu numa cadeirinha de madeira.
Acendi a lareira para ver apenas a chama acesa nesta sala enorme e vazia.
No meio de tanto silêncio diário ouvi uns barulhos, vi o fogo a tapar-se de preto com o carvão da chaminé. Corri para a janela e vejo uma pequena árvore bicuda, muito verde, com luzes e bolinhas de todas as cores a nascer devagar, parece magia dos contos de fadas.
Olho para a porta, e vejo alguém já de barba branca, de bengala, barrete vermelho, e a mesma roupa vermelha que usava à tempos, é o meu companheiro.
Trazia um embrulho na mão, entregou-mo e sentou-se no seu cadeirão. Olhei mais que uma vez, e abri o embrulho. Abri o saco, rasguei o papel, era uma caixa de cartão,  espreitei e vi .. vi.. vi …
Comecei a sentir os meus lábios a abrirem, e os meus dentes a sentir o vento, um sorriso , era o meu urso. Sentei-me na minha cadeirinha, ele deu-me a sua mão e voltei a senti-la a apertar a minha, como não sentia à muito tempo.
Talvez hoje, seja noite de Natal.

Vera Pereira


PS:  Sejam vocês mesmo, Feliz Natal .

2 comentários:

Anónimo disse...

Parabéns a quem escreveu o texto, mas cuidado com os erros e sentidos das frases do tipo: "... onde se costuma sentar sempre... em tempos passados.".
Talvez "...costumava sentar..."
boas festas

Anónimo disse...

Isto foi passado para o computador, depois de ser escrito em papel.
Há sempre coisas que nos passam, e depois de ler isto tanta vez , já tudo era igual ..

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